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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ideias para Ipojuca

Roberto de Queiroz

Em julho [...] [de 2013], participei do seminário “Fala, Ipojuca!”, realizado pela prefeitura municipal. O evento teve como foco dar vez e voz à população, a fim de que essa pudesse opinar sobre questões relacionadas à infraestrutura, saúde, educação, etc., e, por sua vez, apresentar sugestões de melhoria relativamente a esses setores.

Apresentei sugestões referentes aos três setores supramencionados. Mas aproveito este espaço para aduzir minha opinião relacionada à educação. Expus a ideia de que fosse construída uma biblioteca central com sede no município e outra exatamente igual em cada distrito, bem como que fosse construída uma biblioteca de menor porte em cada unidade escolar.

No tangente às bibliotecas centrais, sugeri que sejam redesenhados os modelos de bibliotecas existentes no município, com modificações nos conceitos físico e operacional. Tome-se como exemplo a instalação de equipamentos tecnológicos, climatização, área para convívio com as famílias, espaços infantis, auditórios, ampliação e atualização do acervo e contratação de bibliotecários.

O modelo sugerido permitirá que se utilize a biblioteca como um espaço de convivência na comunidade e como um meio tirar os jovens da ociosidade. Igualmente, permitirá que se utilizem os livros como um meio de promoção de noção de cidadania, cultura e lazer. E, desse modo, o modelo em comentário pode funcionar como uma forma plausível de incentivo à prática de leitura.

P. S.: Na ocasião, alguém deu a ideia da volta da Fliporto para Ipojuca. Resposta: “Isso não é possível.” Ora, a sigla Fliporto antes significava Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas, agora significa Festa Literária Internacional de Pernambuco. Nada a ver. Não deveria ser Flipe? Assim, a Fliporto poderia voltar para Porto. Mas, já que “isso não é possível”, sugiro então que se crie a Flipojuca (Festa Literária de Ipojuca) ou a Fliipojuca (Festa Literária Internacional de Ipojuca).

(Texto publicado na Folha de Pernambuco, 04/12/2013, Opinião, p. 8)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O significado oculto dos contos de fadas

Roberto de Queiroz

Os contos de fadas (ou contos maravilhosos) são uma variação do conto popular (ou fábula). Constituem-se de narrativas curtas cujas histórias giram em torno de uma temática central e cujo objetivo é transmitir conhecimentos e valores culturais de uma geração a outra. Oriundos da tradição oral, transmitem a ideia de que o herói (ou heroína) tem de enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal.

São, em geral, iniciados pela expressão “era uma vez”, a fim de alertar o leitor sobre o fato de o tema narrado não se referir ao tempo e espaço presentes. Comportam personagens e situações que fazem parte do universo individual e cotidiano do ser humano (conflitos, medos e sonhos). Assim, a rivalidade entre gerações, a convivência entre crianças e adultos, a transitoriedade da vida (nascimento, crescimento, velhice e morte) e alguns sentimentos individuais (amor, ódio e inveja) são apresentados como uma forma de oferecer explicação para os conflitos do mundo em que vivemos e como um meio de criar formas de lidar com eles.

Há mais de um século, os contos de fadas e seu significado oculto têm sido estudados por seguidores de correntes diferentes da psicologia. Sheldon Cashdan, por exemplo, afirma que esses gêneros textuais abordam psicodramas da infância, espelhando lutas reais. Quer dizer, “embora o atrativo inicial de um conto de fadas possa estar em sua capacidade de encantar e entreter, seu valor duradouro reside no poder de ajudar as crianças a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento” (Os 7 pecados capitais nos contos de fadas).

O autor prossegue dizendo que cada um dos principais contos de fadas é único, no sentido em que trata de uma predisposição falha ou doentia do eu. Ou seja, após a leitura da expressão “era uma vez”, descobrimos, de imediato, que esses textos falam de vaidade, gula, inveja, luxúria, hipocrisia, avareza ou preguiça – os “sete pecados capitais da infância”. E, embora um determinado conto de fadas possa tratar de mais de um “pecado”, um deles, geralmente, ocupa o centro da trama.

De resto, Cashdan salienta: “O modo pelo qual os contos de fadas resolvem esses conflitos é oferecendo às crianças um palco onde elas podem representar seus conflitos interiores. As crianças, quando ouvem um conto de fadas, projetam inconscientemente partes delas mesmas em várias personagens da história, usando-as como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu.”

(Texto publicado na Folha de Pernambuco, 11/11/2013, Opinião, p. 12)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Leitura e escritura na escola: ensino e aprendizagem

Roberto de Queiroz

“O leitor encontrará nesse trabalho uma gama variada de tópicos que incluem os objetivos e as funções da leitura, o conhecimento prévio do leitor e algumas sugestões pedagógicas que o autor oferece aos que se interessam pelo desenvolvimento dessas habilidades de recepção e produção tão importantes no processo educativo.”

Araken Guedes Barbosa, Ph.D.

Professor do Departamento de Letras da UFPE


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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O gargalo da educação básica no Brasil

Roberto de Queiroz


A maioria dos estudantes brasileiros dos níveis fundamental e médio é reprovada em avaliações externas. Isso é fato veiculado pela mídia. Há quem afirme que, nesse caso, a responsabilidade é do professor. Em se tratando de professor que trabalhe em escola que lhe ofereça todo um suporte infraestrutural e pedagógico, essa afirmação pode ser verdadeira. Caso contrário, ela pode não fazer sentido, ou seja, a responsabilidade deixa de ser apenas do professor.

É importante ter senso de realidade em relação aos programas de ensino antes de adotá-los (ou não). Os municípios precisam analisar cuidadosamente os programas de ensino que aplicam, a adequação do material didático e os mecanismos de apoio ao professor. “Mas, principalmente, parar de atrapalhar a escola criando e recriando programas” (João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto).

Como professor da rede pública, há mais de doze anos na educação básica, convivi/convivo com essa enxurrada de programas “criados” e “recriados”, aos quais João Batista se refere. Muitos deles com metodologias que se antagonizam, como é o caso do Alfa e Beto (usa o método fônico e é indicado para o pré-escolar I e II) e o Alfabetizar com Sucesso (usa o método silábico e é indicado para os anos inicias do ensino fundamental), adotados por alguns municípios de Pernambuco. Há casos em que, paralelo aos programas sobreditos, acrescenta-se o programa Via Escola (usa o método global e é indicado para os anos inicias do ensino fundamental).

Não defendo a tese de que os métodos usados por esse ou aquele programa sejam ineficientes. O problema é que os governantes não visam o alvo. Atiram aleatoriamente para todos os lados. Por que não ouvir os gestores, os coordenadores pedagógicos e os professores, a fim de saber qual programa se adéqua melhor à realidade dos estudantes? Ou por que não dar autonomia aos municípios para que eles construam seu próprio currículo pedagógico, em consonância com as características locais e as diretrizes nacionais?

Afinal, passou da hora de tomar medidas enérgicas aptas a controlar a qualidade do ensino público brasileiro. Para tanto, impõe-se abandonar o faz de conta e olhar de frente o gargalo da educação básica: infraestrutura precária, material didático deficitário e enxurrada de programas com metodologias antagônicas. Quer dizer, sem dar condições ao professor para desempenhar sua função, ninguém pode responsabilizá-lo pelo mau desempenho da maioria dos estudantes dos níveis fundamental e médio em avaliações externas.

(Artigo publicado na Folha de Pernambuco, 29/07/2013, Opinião, p. 10)

terça-feira, 9 de julho de 2013

A nudez do poeta

Admmauro Gommes*



O poema não é máscara que esconda a face de ninguém, mesmo que se procure ficar por trás das palavras, há de ser revelado nas entrelinhas, um pouco de quem verseja. A obra A nudez de escrever, de Roberto de Queiroz, provoca este entendimento. O autor sugere que o texto o denuncia, mostrando como se é internamente. Mas quando isso acontece, faz-se, como é de se esperar, pela força das metáforas, o que não diminui a veracidade, pois no que se vê percebe-se a existência de certas verdades, ou meias-verdades (que muda tudo).

Mesmo assim, ele se expõe diante do espelho das letras e surge quase nu de seu sentimento, transparente, mas não todo exposto, como defendem os versos do livro citado (p. 39): “Escrever é se despir/ (si próprio e o sentimento)/ daquilo que há no âmago (...) que se expõem ao grafar.” Tudo vai muito bem, mas quando ele introduz a palavra “âmago,” carregada de ambiguidade, veste-se de novo em seu manto opaco, pois “âmago” oculta, indecifra qualquer sentimento, não permitindo que se descubra a límpida realidade. Como quem quer e não quer, finge querer revelar-se, mas, é “fingimento deveras.”

Ainda que se deixe ocultar entre versos meio obscuros (p. 46): “circunspeto à candura dos lorpas,/ atreve-se a vir à tona o ubíquo,” o poeta revela sua posição, dentro de uma crítica visão de mundo, bem como o domínio que exerce sobre a linguagem figurada, mas reveladora de identidades. É claro que o leitor atento sabe que isso é um jogo de esconde-esconde e ver um poeta nu, nos termos em que estamos tratando, é algo que beira a impossibilidade. É que o poema, na condição de reflexo do espelho interno do escritor, traduz imagens distorcidas, modificadas, embora verdadeiras na sua essência, no âmago, por assim dizer. Sem controvérsias, todos manipulam a imagem que publicam, nunca negando a verdadeira face, mas investindo no disfarce da própria realidade vivida ou desejada.

Com isso, pode-se afirmar que o poeta, que é um inventor/ator por natureza, não se permite aparecer de cara limpa em nenhum de seus versos, principalmente nas obras-primas, onde a invenção é regra. Porquanto, há um jogo de ideias e sentidos figurados para guardar o que só ele sabe e a ninguém diz. Por assim dizer, a mimese, que é a imitação por palavras, na literatura, não se configura em copiar a realidade dos fatos, mas moldá-la ao cunho artístico, exigindo que o escritor se vista sempre de uma roupa pelo menos linguística, invisível aos olhos comuns e sabe que não se pode despir completamente, porque possui alguma caixinha de segredo que não se abre. Há sempre um tapa-olho nas partes mais íntimas da poesia.

Para aumentar o disfarce, o autor dialoga com outros poetas, quase que inconscientemente, mas descobre o caminho e provoca a intertextualidade, bem ao gosto dos modernistas, como se atesta em “Uma parte de mim é permanente/ outra parte se sabe de repente” de Ferreira Gullar e que Roberto de Queiroz (p. 63) atualiza como “Um pedaço de mim é permanente/ outro pedaço surge de repente”. De quem trata “essa parte?” De Gullar ou de Queiroz? O certo é que existe um elemento chamado eu-lírico que anula a verdade de ambos e se pronuncia como uma voz dentro do poema que não pertence mais a nudez dos autores, mas a dos leitores quando percebem que a verdade do escritor é também a sua. E quem aparece nu, nessa história: o autor ou o leitor?

Na verdade, só o poeta sabe onde “os poemas estão prontos sem estar” (p. 61) e isso Roberto de Queiroz descobriu há muito tempo, desde seu primeiro livro publicado. Agora tenta desnudar-se, mas ainda com muito recato, porque não se mostra por inteiro, mas o que se permite revelar aponta para a grandeza de uma poesia que transita com facilidade entre o verso branco e o tradicional.

Vamos ver se da próxima vez ele tira a roupa (sentimento) por completo e se revela nos versos como em carta-aberta aos leitores. Du-vi-de-ó-dó!

(Texto publicado no Diario de Pernambuco, 11/07/2013, Opinião, p. B9 e na Folha de Pernambuco, 11/07/2013, Cidadania, p. 4)

* Admmauro Gommes é poeta e professor de Teoria Literária da FAMASUL (Palmares/PE)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Simenon, Hammett de bombacha e mate

W. J. Solha

O nome do homem – vê-se que descende de alemães – é Nelson Hoffmann, de Roque Gonzales, Rio Grande do Sul, o advogado, contabilista, que criou um personagem excepcional, o advogado, contabilista, Dr. João Roque Landblut – vê-se que descende de alemães –, espécie de Holmes e Maigret amador, de Três Martírios, Rio Grande do Sul. Esse Landblut, já bastante conhecido por casos anteriores – tendo sido o principal O Homem e o Bar (romance de 1994) –, fatalmente se tornará famoso, agora, com A Mulher do Neves – coedição Ledix e Editora da URI, 2013.

Melhor do que Landblut, no entanto, se isso é possível, é a figura do título – mulher do Neves – a escultural, riquíssima, generosa e enigmática vítima de um crime que acaba de acontecer quando o relato começa... e que vai sendo construída aos poucos pela investigação solicitada pelo viúvo, que é o maior cliente do escritório do investigador bissexto e ... o maior suspeito do crime.

Quando se fala em romance policial no Brasil, a referência é, de imediato, Ruben Fonseca, também advogado, admito, mas basta uma comparação entre A Mulher do Neves e A Grande Arte, por exemplo, pra se constatar que – além disso - um não tem nada a ver com o outro. Veja a ficha do personagem principal do carioca: Mandrake: Advogado com tendências a detetive, solteirão irresistível às mulheres, extremamente sedutor. Aprecia vinhos finos e charutos. Ok, admito, há uma conta de chegar. Mas Landblut é casadão, paisão, viciado em cerveja e cigarros. Mas não é só isso: Ruben Fonseca é o tipo do autor que gosta de exibir minúcias técnicas... eruditas: vira páginas falando de punhais, v.g., como Umberto Eco faz com os detalhes de um portal gótico em O Nome da Rosa. Hoffmann, não: tudo é muito mais simples nas coxilhas missioneiras, embora não menos instigantes, porque misteriosas. Porque o tema é o ser humano, sempre. Hoffmann, porém, é mestre nos detalhes. Em seu primeiro romance – A Bofetada, de 1978 – ele já impressiona pelo que consegue – de fabuloso - ao fazer um tímido excitadíssimo observar, deitado sob uma figueira, a chegada de uma jovem que também – intensamente – o deseja. Daí que Landblut esmiúça as fotos da bela morta e todas as outras, dela em vida – mantidas pelo único fotógrafo da cidade –, num macete proveniente, talvez, do Blow-up de Antonioni (ou do anterior Las Babas del Diablo, do Cortázar), matando-nos de impaciência.

E a genialidade de Hoffmann está justamente nesse seu pesquisador com as limitações que nos fazem sentir – literalmente – taquicardia – quando sentimos que poderíamos auxiliá-lo, alertá-lo, nas pesquisas, o que acaba criando um suspense suplementar extraordinário. 

Ô, leia o livro.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A origem do São João

Roberto de Queiroz

O São João é resultante da aglutinação dos cultos pagãos em louvor à terra e em alusão à data de nascimento do santo católico João. Foi trazido para o Brasil por influência portuguesa. Os pesquisadores do folclore junino consideram Portugal como o país que conseguiu reunir ao seu espírito religioso as crendices, adivinhas, agouros e superstições de cultos desaparecidos, muitos deles de origem pagã. Pela mão do colonizador, o costume de festejar o São João entrou para o Brasil e ficou. Passou do ambiente rural para a cidade e, nela, procura-se reviver os costumes rurais. Daí os trajes, a comida, a música, a dança e o jeito de falar que remetem ao colonizador.

(Texto publicado na Folha de Pernambuco, 12/06/2013, Cidadania, p. 8)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Escolas sem bibliotecas

Alguns teóricos educacionais dizem que as atividades de leitura e escritura têm sido trabalhadas na escola de forma isolada e descontextualizada, isto é, sem que se leve em conta suas condições de produção (quem lê/escreve, para quem, com que objetivo, lugares sociais dos interlocutores, etc.). Esses teóricos, porém, não atentam para o fato de que o ensino e a aprendizagem de leitura e escritura também estão relacionados ao espaço físico da escola. E esse espaço inclui prioritariamente biblioteca. Mas em muitas escolas das redes municipal e estadual de Pernambuco (e por que não dizer do Brasil?) não há bibliotecas. Em algumas delas, os livros são amontoados em armários, fechados em depósitos, o que, na verdade, está muito aquém de surtir o efeito de uma biblioteca, tanto do ponto de vista do espaço físico quanto do valor semântico-pragmático dos vocábulos armário e biblioteca, no tangente ao incentivo à leitura e à escritura.

(Texto publicado no Diario de Pernambuco, 07/06/2003, Cartas à redação, p. B6)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Um dos problemas centrais da profissão docente

António Nóvoa

Esse é um dos problemas centrais da profissão docente: a sua “dependência” de um conjunto de pessoas e entidades que não estão “dentro da profissão”.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O amor místico de Jesus

Roberto de Queiroz

A ciência de Jesus sobre o amor é algo que ficou provado desde sua transitoriedade entre os homens. E tal ciência traz à baila a ignorância dos homens acerca desse tema. Quer dizer, Jesus “amou sabendo, e os homens foram amados ignorando” (Padre Antônio Vieira, Sermão do mandato). Assim, o amor de Jesus sempre manteve um estado estático de união direta com Deus, ou seja, Jesus sabia que eram seus os tesouros da onipotência e que fora gerado de Deus e para Deus voltava.

Nesse sermão, Vieira enxerga o amor de Jesus qual o vê o evangelista Lucas. Nesse particular, achamos conveniente referir um comentário proferido pelo padre Raymond Brown, professor da Union Theological Seminary de Nova Iorque (Veja, 12/04/1995, p. 70). Para Brown, o Jesus de Lucas não foi abandonado pelos seus discípulos, nem se confessa triste na hora da morte. Ele está em comunhão com seu Pai todo o tempo, tanto que, apropriadamente, as últimas palavras do crucificado não são um grito angustiado para seu Deus por quem se sente abandonado, mas um tranquilo “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23: 46).

Quanto aos homens, Vieira afirma que, entre eles, o que vulgarmente se chama amor é ignorância, a saber, tem mais partes de ignorância, e quantas tem de ignorância tantas lhes faltam de amor. E prossegue: “Pinta-se o amor sempre menino, porque, ainda que passe dos sete anos [...], nunca chega à idade da razão. Usar de razão e amar são duas coisas que não se ajuntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor quando conquista a alma; porém o primeiro rendido é o entendimento.”

Podemos argumentar que, por esse critério, Vieira analisa a vulgaridade do amor dos homens como sendo oriunda da ignorância deles, uma vez que esse autor dá ao amor dos homens a caracterização de cupido, que é um menino – e meninice é a idade anterior à razão –, caracterizando assim o amor daqueles como sendo anterior ao uso da razão e incompatível com ela.

Por fim, resta-nos dizer que o Sermão do mandato – pregado na Capela Real em 1645 – é um dos mais belos sermões de padre Antônio Vieira. E, apesar de traçar um paralelo entre o amor de Jesus e o dos homens, sua temática central é o amor místico de Jesus. Por esse motivo, podemos proferir que há uma consonância pragmática entre o amor divino e o de Jesus. Em suma, a equidade do amor de ambos torna-os homogêneos e harmoniosos, de sorte a não existir arbitrariedade entre eles, isto é, o misticismo do amor de Jesus atinge um estado fixo de liame direto com Deus, de modo que o amor de um e outro não vem a ser dois, mas apenas um.

(Artigo publicado na Folha de Pernambuco, 28/05/2013, Cidadania, p. 7)

sábado, 25 de maio de 2013

Cuidado referente ao conceito de inclusão

Artur Gomes de Morais

“É preciso ter cuidado para não confundir inclusão com a mera presença na diversidade coletiva.”

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O caminho da educação

Roberto de Queiroz

A educação é o único caminho capaz de conduzir as pessoas ao processo de cidadania, criticidade e ascensão social.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Uma ideia para Pernambuco

O escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985) diz que “ler é um ato de liberdade, mas para quem já [...] foi formado pela escola como leitor. Ou seja, o espaço escolar é o lugar da experimentação e esta se dá à medida que o aluno é desafiado a ler textos que passaram pelo critério de qualidade do professor e/ou que atendem a algum objetivo, cuja realização se faz necessária”. Em suma, pedir simplesmente que os alunos leiam um texto qualquer, sem a análise criteriosa e sem o planejamento prévio do professor, é coisa que pode parecer aula de leitura a um desavisado, mas, obviamente, não corresponde aos critérios de leitura como conteúdo em sala de aula. Defendo a ideia de que a leitura de textos literários na escola pode ser uma leitura sem amarras (uma leitura que seduz e encanta o leitor e induz ao gostar de ler), mas a mediação do professor desempenha um papel fundamental.

(Texto publicado no Diario de Pernambuco, 12/05/2013, p. B10)

domingo, 14 de abril de 2013

Lei sobre o piso nacional do magistério

Piso salarial profissional nacional – Lei nº 11.738, de 16/7/2008

O que é?

Em 16 de julho de 2008, foi sancionada a Lei n° 11.738, que instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, regulamentando disposição constitucional (alínea ‘e’ do inciso III do caput do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

Para ter acesso aos textos integrais, clique nos links em vermelho.




Confira a lei sobre o piso nacional do magistério

Palavras-chave: piso, piso salarial, piso do magistério, carreira, magistério, salário dos professores, valorização

sábado, 13 de abril de 2013

I encontro de autores ipojucanos

Roberto de Queiroz

Da esquerda para a direita: uma funcionária da Fajolca, Arnaud Mattoso, Marcos Medeiros, Roberto de Queiroz e Joselane Eletânia

A professora de português do curso de Pedagogia da Faculdade José Lacerda Filho de Ciências Aplicadas (Fajolca), Ipojuca/PE, Joselane Eletânia, promoveu, em 22/11/2012, o I encontro de autores ipojucanos. O certame ocorreu em face do Mape Fajolca 2012.

Esse encontro teve como palco a biblioteca da Fajolca e como plateia estudantes e professores da instituição. Os autores selecionados pela professora foram Arnaud Mattoso, Marcos Medeiros e Roberto de Queiroz.  

O evento ocorreu de modo descontraído, no qual palestrantes e plateia dialogaram sobre poesia, criação literária e literatura. No ensejo, os autores também expuseram suas obras.

Da esquerda para a direita: Arnaud Mattoso, Marcos Medeiros, Roberto de Queiroz e uma estudante da Fajolca
Roberto de Queiroz
Da esquerda para a direita: uma estudante da Fajolca, Marcos Medeiros, Joselane Eletânia, Arnaud Mattoso, uma funcionária da Fajolca e Roberto de Queiroz
Mediadora do encontro, autores e plateia em diálogo produtivo

sábado, 6 de abril de 2013

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

Roberto de Queiroz

Conforme o MEC, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino do país. Para que o Ideb de uma escola ou rede cresça, é preciso que os estudantes aprendam, não repitam o ano e frequentem as aulas regularmente. Mas o Ideb considera também os padrões mínimos de condições para que a escola desempenhe plenamente seu papel. Pais e responsáveis podem acompanhar o desempenho da escola de seu(s) filho(s), basta verificar o Ideb da instituição, que é apresentado numa escala de 0 a 10. Da mesma forma, gestores, coordenadores pedagógicos e professores podem acompanhar o trabalho das secretarias municipais e estaduais pela melhoria da educação. O Ideb é medido a cada dois anos e seu objetivo é que, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, o país tenha nota 6 em 2022, correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos.

domingo, 24 de março de 2013

O verdadeiro papel da escola

Roberto de Queiroz

No Brasil, praticamente todas as crianças em idade escolar estão na escola, mas não aprendem. No dizer do renomado educador português António Nóvoa (em palestra ministrada na UFPE, em 23/08/2012), isso ocorre porque a escola não sabe o que fazer com elas. A escola tenta lhes oferecer o que elas não têm em casa. Mas não promove aprendizagem nem inclusão social. Não há inclusão social se não houver aprendizagem.

O mesmo Nóvoa diz ainda que as grandes aprendizagens que as crianças fazem ao longo de suas vidas ocorrem fora da escola (como, por exemplo, andar e falar). E prossegue: “As crianças aprendem essas coisas mais complexas e não aprendem a ler, compreender, escrever e calcular. Quem não sabe ler bem dificilmente terá prazer em ler. As teorias dominantes na escola do século 21 são ainda teorias do século 20.”

Não adianta a criança passar oito ou nove horas na escola todos os dias e não aprender. Para que haja aprendizagem, é preciso que a escola atenda aos padrões mínimos de qualidade de ensino assegurados pela LDB (Lei 9.394/96), Artigo 4º, Inciso IX, que são “definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem”.

Compreende-se como padrões mínimos de qualidade de ensino a existência de condições para que a escola desempenhe plenamente seu verdadeiro papel, que é promover o ensino e a aprendizagem. Essas condições envolvem tanto aspectos da organização escolar quanto da pedagógica. Quer dizer, envolvem os insumos de bases seguintes: material (estrutura física e acervo de equipamentos), gerencial (tipo de gestão e planejamento), instrumental (bibliografia e metodologia), mutacional (recursos humanos e cultura de inovação) e finalística (missão da escola, função das disciplinas e avaliações periódicas).

E todos esses indicadores de qualidade devem estar em conexão com o tamanho da escola, o número de matrícula, os turnos de funcionamento, as condições de otimização de uso dos espaços escolares e do tempo pedagógico.

(Artigo publicado na Folha de Pernambuco, 20/04/2013, Cidadania, p. 8)

segunda-feira, 11 de março de 2013

Crime de ortografia

A polícia paulista prendeu oito suspeitos de roubo, mês passado, a partir de um escorregão ortográfico da quadrilha. Para dar mais veracidade ao disfarce de entregadores de cestas de Natal, a gangue também camuflou o carro usado para a ação. No adesivo do capô e das laterais lia-se “Impório” Santa Maria. O erro* ajudou a identificar os meliantes, que já haviam atuado em outros dois assaltos.
(Língua Portuguesa, nº 26)

* O erro que ajudou a polícia a identificar a quadrilha foi a grafia da palavra impório, iniciada com i, que, de acordo com as regras ortográficas da língua portuguesa, deve ser iniciada com e: empório.

sábado, 9 de março de 2013

Iracema

Você sabia? O escritor cearense José de Alencar usou um anagrama do nosso continente (América) para dar nome à personagem Iracema, protagonista de romance de mesmo nome, publicado originalmente em 1865.