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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Os labirintos da elaboração da escrita

Glauco Ortolano, Ph.D.*

“Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem” (editora Multifoco, 2016) de Roberto de Queiroz navega pelos labirintos da elaboração da escrita fazendo da leitura seu instrumento pedagógico inseparável, e intermediado pelo facilitador.

Sua obra oferece sugestões de como tornar as duas relíquias, leitura e escrita, mais intimamente ligadas entre si de forma a torná-las ainda mais interativas e produtivas.  Cada capítulo aborda temas relacionados com o processo de recepção e produção de textos que se alinham desde temas teóricos até os mais especificamente ligados a atividades interativas entre a leitura e a escrita.

A obra serve como ponto de reflexão para educadores que tenham por meta buscar um entendimento maior sobre o elo que existe entre a leitura e a escrita. A obra seria ainda mais completa caso oferecesse um número ainda maior de exercícios práticos a serem utilizados na sala de aula pelo professor de ensino médio.

Glauco Ortolano é escritor, tradutor, professor de inglês, português e comunicação social na University of Jamestown na Dakota do Norte; membro fundador da Asociación Iberoamericana de Escritores e da União Brasileira de Escritores, seção de Nova Iorque (UBENY)

sábado, 26 de novembro de 2016

O paralelismo entre leitura e escrita

Décio Adams*

Acabo de ler o livro “Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem” (editora Multifoco, 2016), de autoria do amigo professor e escritor Roberto de Queiroz, que mora no estado de Pernambuco, mais precisamente em Camela – Ipojuca. Fiquei encantado com seu trabalho, uma vez que é coisa rara vermos um professor dedicar tempo e esforço na elaboração de um texto preocupado em destacar a importância da leitura, desenvolvida em paralelo com a escrita.

Sinto-me levado de regresso aos anos 50/60, quando começava minha vida escolar e consequentemente iniciava as atividades de leitura e escrita.  Embora tenha obtido minha formação superior na área de matemática, onde desenvolvi minha atividade profissional, posso afirmar que um aprendizado correto de leitura e escrita foram fundamentais em toda minha vida. Fui agraciado com um professor de grande capacidade e domínio dessa arte, quando cursava a segunda série do ginásio, o que me encaminhou de modo firme e seguro nessa área.

Em muitas ocasiões, a leitura e a escrita me serviram de modo excelente no desenvolvimento das atividades do dia a dia. Embora nunca tivesse tido à disposição uma obra como a presente, tive a liberdade de escolher o que queria ler e assim “viajei” por quase todo o mundo literário mundial. Evidente que é impossível abranger todos os autores ou mesmo gêneros literários. Creio que, se tivesse a orientação de uma obra como a de Roberto de Queiroz, também teria conseguido encaminhar de modo adequado minhas atividades de leitura e escrita.

O que é preciso salientar é a ênfase necessária ao encaminhamento paralelo das duas atividades. Ler e escrever precisam caminhar juntas. O ato de ler é primordial no aprendizado de todas as disciplinas que enfrentamos, seja qual for a especialidade que decidamos enfrentar em nossa vida. Sem saber ler e compreender o que lemos, não conseguimos caminhar para frente, seja aonde formos. Não é de admirar que tenhamos tantos denominados “analfabetos funcionais” em nossos contingentes de trabalho. Não basta saber decifrar as letras, é preciso compreender o significado que elas têm colocadas em conjunto, na formação de frases, parágrafos e textos, sejam eles longos ou curtos.

Lembro-me das minhas aulas e provas de matemática ou física, onde fazia a correção dos erros mais sérios de escrita, ouvindo dos alunos a reclamação: “Mas, professor, não é aula de português.” Eu sempre lhes respondia que a língua portuguesa eles precisariam saber usar de modo correto em qualquer circunstância, pouco importando a área de atuação de sua atividade. Disso estou cada vez mais convicto.

Ao amigo Roberto de Queiroz, parabéns pela sua obra. É sucinta, mas muito bem elaborada. Oxalá possa ser colocada à disposição de professores e alunos no maior número de estabelecimentos possível.

Décio Adams é escritor e ex-professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR)

sábado, 12 de novembro de 2016

Sinopse do livro “Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem

“Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem” (ed. rev. e ampliada – editora Multifoco, 2016) é o quinto livro publicado por Roberto de Queiroz. A obra tem orelha de Iolita Campos (FAMASUL-PE), prefácio de Araken Guedes Barbosa (UFPE) e posfácio de Nelly Carvalho (UFPE). O primeiro e o segundo capítulos reúnem questões teóricas, de fontes variadas, sobre os objetivos e funções da leitura, os níveis de conhecimento utilizados mediante o ato de ler e outras questões referentes à textualidade, necessárias para o desenvolvimento dos próximos tópicos. O terceiro e o quarto capítulos discorrem sobre o papel dos elementos de comunicação e das funções da linguagem no processo de recepção e produção de textos. O quinto capítulo aborda o discurso no texto ficcional escrito. O sexto e último capítulo trata de atividades de leitura e escrita realizadas no ensino fundamental e médio.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Solilóquio

Roberto de Queiroz


Reprodução da internet / www.miproyectopersonal.es
Não sou realista nem sou normal. Ser realista não significa ser normal. Ser realista (de realismo + -ista) é prender-se fielmente ao que é real, verdadeiro. Ser normal (do latim normale) é seguir determinada norma, natural ou habitual. Não sou futurista. O futurismo de Marinetti, conquanto não fosse normal, voltava-se exclusivamente para o futuro, era antagônico à moral e primava pela exaltação à guerra. Havia nele algo utópico e paradoxal.

Não sou utopista. Não concebo nem defendo utopias. Não sou dadaísta. O dadaísmo de Tzara não possuía cérebro: não havia nele passado nem futuro, havia apenas a guerra, o caos, o nada. Não sou cubista. O cubismo era demasiado irracional, desintegrado da realidade, instantâneo e anti-intelectualista, embora fosse carregado de certa dose de humor. Não sou adepto do surrealismo. Só os loucos rejeitam as concepções lógicas do cérebro e se apegam somente ao inconsciente.

Mas, já dizia doutora Nise da Silveira, “os normais são burros”. Assim, há espaço suficiente para todos (para os sãos e para os loucos). Inclusive, para os que leem e não entendem (analfabetos funcionais) e os que veem e não enxergam (cegos funcionais). E, não obstante eu seja não realista, crítico do futurismo, dadaísmo, cubismo e surrealismo, vejo nessas vanguardas artístico-europeias, principalmente nas duas últimas, uma grande evolução criadora. Afinal, foram tais manifestações artísticas que revolucionaram o cenário cultural europeu e mundial do século 20. E, apenas porque não sou realista nem sou normal, reconheço o valor de toda e qualquer arte.

Se os normais são burros ou não, não estou certo disso, mas eles, obviamente, não cheiram nem fedem.

(Texto publicado na Folha de Pernambuco, 25/10/2016, Opinião, p. 4)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Lançamento do livro “Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem”

Aproveito este espaço para externar meus agradecimentos a meus familiares, parentes, amigos, colegas de profissão e estudantes que prestigiaram, na noite de 20/10/2016, o lançamento de meu livro “LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA: ENSINO E APRENDIZAGEM” (edição revista e ampliada – editora Multifoco, 2016). A utilização deste espaço se deve ao fato de não ser possível eu agradecer a cada um de modo particular.

















domingo, 18 de setembro de 2016

Conversa sobre leitura e escrita

Roberto de Queiroz


A expressão acima faz alusão ao assunto abordado em meu livro mais recente, cujo título é Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem (edição revista e ampliada – editora Multifoco, 2016). Esse livro teve sua 1ª edição em 2013 e continha a penas dois capítulos. Recentemente, resolvi revisá-lo e ampliá-lo. Assim, nessa nova edição, fiz a revisão de alguns conceitos e referências, bem como o acréscimo de quatro novos capítulos. Agora, são seis no total.

O primeiro e o segundo capítulos reúnem questões teóricas, de fontes variadas, sobre os objetivos e funções da leitura, os níveis de conhecimento utilizados mediante o ato de ler e outras questões referentes à textualidade, necessárias para o desenvolvimento dos próximos tópicos. O terceiro e o quarto capítulos discorrem sobre o papel dos elementos de comunicação e das funções da linguagem no processo de recepção e produção de textos. O quinto capítulo aborda o discurso no texto ficcional escrito. O sexto e último capítulo trata de atividades de leitura e escrita realizadas no ensino fundamental e médio.

Prosseguido com essa conversa, compartilho com quem ainda não leu a obra em apreço a opinião de quem já a leu. No dizer de Iolita Campos (ex-professora de Linguística da FAMASUL-PE), “esta nova edição [...] traz para o leitor uma obra de suma importância para os estudiosos e usuários da língua materna enquanto instrumento de comunicação e interação. Com ênfase na leitura e produção de textos, o autor procura contribuir para a formação de leitores e escritores a partir da sala de aula, na relação professor/aluno, valorizando a bagagem cultural que o estudante possui e o constante estudo e reflexão que o educador pratica”.

Araken Guedes Barbosa (professor do Departamento de Letras da UFPE) afirma que “o leitor encontrará nesse trabalho uma gama variada de tópicos que incluem os objetivos e as funções da leitura, o conhecimento prévio do leitor e algumas sugestões pedagógicas que o autor oferece aos que se interessam pelo desenvolvimento dessas habilidades de recepção e produção tão importantes no processo educativo”.

Na opinião de Admmauro Gommes (professor do Departamento de Letras da FAMASUL-PE), no tangente ao ensino de leitura e escrita, a obra “aponta uma falha que distorce os encaminhamentos oriundos dos tantos encontros pedagógicos que acontecem no âmbito das formações continuadas nas redes públicas de ensino: um evidente afastamento entre a teoria e a prática”.

Para Nelly Carvalho (professora da Pós-Graduação em Letras da UFPE), não existe uma fórmula mágica nem única para ensinar a ler e escrever. “Cada professor deve buscar o caminho, de acordo com as características suas e da turma que leciona. É esse caminho que o professor Roberto de Queiroz [...] procura encontrar e construir com seu livro Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem. [...] A sua leitura vale como uma forma de mostrar caminhos já trilhados para quem ainda não encontrou os seus”. 

(Texto publicado na Folha de Pernambuco,12/09/2016, Opinião, p. 7)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O novo acordo ortográfico

Roberto de Queiroz

O texto oficial do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, em 2002, por Timor-Leste. Foi aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2016. Está organizado em 21 bases e apenas 4 delas não sofreram alterações. Ei-las: “(ii) uso do h”, “(iii) grafemas consonânticos”, “(iv) sequências consonânticas” e “(vi) vogais nasais”. Todas as demais bases foram alteradas.

Todavia, as alterações introduzidas na ortografia da Língua Portuguesa, pelo atual acordo ortográfico, parecem-me mais político-comerciais que linguísticas. Elas pouco têm a ver com o modo de escrever das pessoas nativas dos países que aderiram a tal acordo. Por outro lado, as obras publicadas nesses países terão uma escrita similar, o que potencializará sua capacidade de difusão e, como consequência, o número de obras vendidas por eles será ampliado. Além disso, a similaridade em comentário pode dar credibilidade à Língua Portuguesa, tornando-a oficial perante a comunidade internacional, e ela pode tornar-se oficial no rol de línguas da Organização das Nações Unidas (ONU).

Por fim, vale ressaltar que o acordo em referência é apenas ortográfico, ou seja, limita-se à língua escrita. Não afeta nenhum aspecto da língua falada, nem elimina por completo as diferenças de ortografia observadas nos países em tela, que usam a Língua Portuguesa como idioma oficial. Trata-se de um pequeno passo intencional em direção à unificação da língua escrita usada por eles. O texto oficial desse acordo, porém, é complexo em alguns aspectos. Um deles é o uso do hífen. Uma rápida consulta não garante ao consulente a compreensão imediata do que ali é preconizado.

(Artigo publicado no Diario de Pernambuco, 18/02/2016, Opinião, p. A11)

sábado, 16 de janeiro de 2016

Água para o sertão

Roberto de Queiroz

Reprodução da internet / www.mgovbrasil.com.br
Num tempo em que “ternura” é tudo e é época de seca no sertão, conta-se aqui uma história genuinamente moral sobre a utilidade da primeira amoldada sobre a segunda.

O “cortês” federal lança os olhos em torno do céu (a brancura das nuvens está-se acinzentando):

– Espera aí, vai chover?

O “cortês” estadual e o municipal entreolham-se preocupados...

O “cortês” federal, mais que depressa, procura comunicar-se com São Pedro:

– Vai chover no sertão? – quer saber ele.

São Pedro sorri:

– Sossega, meu amigo. Este ano, durante muito tempo, vai chover no sertão.

– Este ano? – indaga o “cortês” federal. – A quem vou aferir “civilidade”?

São Pedro então percebe a preocupação daquele homem e, abruptamente, retruca:

– Quanto a isso, não sei. Mas, daqui a pouco, eu e o anjo acólito vamos abrir as válvulas das nuvens e liberar a chuva. Não quer ir conosco? A chuva este ano vai trazer muitas maravilhas ao sertão. Ajudando-nos, irrigando-o, já está fazendo sua parte.

Leve aceno de cabeça e (entre os dentes):

– “Obrigado” – é resposta do “cortês” federal.

São Pedro coça a cabeça. Como fazê-lo mudar de atitude?

Porém, antes mesmo de São Pedro concluir seu raciocínio, chegam o “cortês” estadual e o municipal.

Está formada a discussão.

São Pedro observa tudo de longe.

Um deles convida São Pedro para aderir a seu partido e faz-lhe uma proposta...

– Não dá para ouvir isso! – exclama São Pedro. – Vou expulsá-los daqui!

Eles protestam durante a expulsão.
  
E São Pedro, sem nenhum interesse, juntamente com o anjo acólito, abre as válvulas das nuvens e manda chuva ao sertão.

(Crônica publicada no jornal O Nheçuano, Roque Gonzales, RS, nov./ dez. 2015, p. 5)