Roberto de Queiroz
Sou
um autêntico admirador da poesia, bem como das pessoas que a compõem, pois é
preciso elevar-se além e acima da consciência, e deixar-se condicionar pela sua
verdadeira essência, para que então possa nascer uma composição poética.
Li
Plural e singular, de Azimar
Rocha, e parabenizo a autora pelo seu domínio aos versos livres (parte
deles brancos). Não é fácil escrever poesia quando se trata de versos livres e,
principalmente, quando se trata de versos brancos. Não é fácil diferenciá-los
da prosa rítmica. Para isso, é preciso que haja neles uma unidade formal
interior que só um verdadeiro poeta é capaz de produzir.
A
obra expressa a coragem e a destemidez com que Azimar escreve. Torna
públicas suas mais profundas singularidades, expõe seus sentimentos e
pensamentos mais individuais, para que possam ser (re)interpretados por toda
uma coletividade de outros pensamentos.
Em
Plural e singular, Azimar, interiormente, mostra os anseios da própria
alma. E esse feito superlativa sua coragem, pois, se não quisesse, não os
haveria mostrado. E ninguém os podia ver ou imaginar, porquanto só a Deus
compete saber os anseios da alma.
Gostei
muito da organização da obra e também do que a autora escreveu. Porém todos os
poemas dela devem render-se àquele do qual foi retirando um verso para titular
o livro. Eis um fragmento dele: “[...] só depois, depois de muito
cansaço / só depois / morrerá o amor [...] / porque o amor [...] / é
assim: / ambíguo/ inteiro / plural e
singular / múltiplo” (Poema O verdadeiro amor, p. 32).
Por
fim, resta-me dizer que conheço muito pouco Azimar Rocha. Mas, apesar do
pouco que a conheço, acredito na sua mensagem e na autenticidade da sua poesia.