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sábado, 11 de abril de 2020

Figuras de som

Roberto de Queiroz

Figuras de som (ou de harmonia) são figuras de linguagem[1] associadas à logicidade do texto por meio da repetição de sons idênticos ou semelhantes.

Seguem relacionadas as principais figuras de som.

1. Aliteração – Figura de linguagem formada pela repetição de sons consonantais idênticos ou semelhantes, geralmente no início de palavras próximas em uma frase ou verso, com o intuito de gerar efeito estilístico.

Exemplo:

“Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança
(Castro Alves)

Nesse excerto, a repetição do som consonantal representado pela letra “b”, no início das palavras do segundo verso, gera aliteração.

2. Assonância Figura de linguagem constituída pela repetição de sons vocálicos em palavras próximas ou no final de versos, especialmente em sílabas tônicas, com a finalidade de acelerar o ritmo do poema.

Exemplo:

“Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos”
(Chico Buarque)

No trecho em análise, a assonância é gerada por maio da repetição do encontro vocálico “ei” no interior e no final dos versos.

3. Paronomásia – Figura de linguagem que reside na disposição de palavras parônimas próximas umas das outras. Esse fenômeno é conhecido popularmente como trocadilho.

Exemplo:

“Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
(Almir Sater e Renato Teixeira)

Nesses versos, ocorre paronomásia entre os pares de palavras “manhas/manhãs” e “massas/maçãs”.

4. Onomatopeia – Figura de linguagem que consiste na tentativa de reproduzir sons e barulhos por meio da escrita. Normalmente é usada nas histórias em quadrinhos, mas às vezes é usada em outros gêneros textuais.

Exemplo:

“E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano.” (Machado de Assis)

No período acima, o uso do termo “plic-plic-plic-plic” configura onomatopeia, pois é uma tentativa de reproduzir o som emitido pela agulha ao perfurar o pano.


[1] Figuras de linguagem são recursos linguísticos que exploram a sonoridade, o significado, a estrutura e a disposição das palavras na frase.


terça-feira, 7 de abril de 2020

Português não é para amador


Um poeta escreveu: “Entre ‘doidos’ e ‘doídos’, prefiro não acentuar.” Às vezes, não acentuar parece mesmo a solução. Eu, por exemplo, prefiro a “carne” ao “carnê”. Assim como, obviamente, prefiro o “coco” ao “cocô”. No entanto, nem sempre a ausência do acento é favorável... Pense no “cágado”, por exemplo, o ser vivo mais afetado quando alguém pensa que o acento é mera decoração. E há outros casos, claro! Eu não me “medico”, eu vou ao “médico”. Quem “baba” não é a “babá”. Você precisa ir à “secretaria” para falar com a “secretária”. Será que a “romã” é de “Roma”? Seus “pais” vêm do mesmo “país”? A diferença na palavra é um “acento”; “assento” não tem “acento”. “Assento” é embaixo, “acento” é em cima. “Embaixo” é junto e “em cima” é separado. Seria “maio” o mês mais apropriado para colocar um “maiô”? Quem sabe mais entre a “sábia” e o “sabiá”? O que tem a “pele” do “Pelé”? O que há em comum entre o “camelo” e o “camelô”? O que será que a “fábrica” “fabrica”? E tudo que se “musica” vira “música”? Será melhor lidar com as adversidades da conjunção “mas” ou com as “más” pessoas? Será que tudo que eu “valido” se torna “válido”? E entre o “amem” e o “amém”, que tal os dois? Na “sexta” comprei uma “cesta” logo após a “sesta”. É a primeira “vez” que tu não o “vês”. Vão “tachar” de ladrão se “taxar” muito alto a “taxa” da “tacha”. “Asso” um “cervo” na panela de “aço” que será servido pelo “servo”. Vão “cassar” o direito de “caçar” de dois “pais” no meu “país”. “Por tanto” nevoeiro, “portanto”, a “cerração” impediu a “serração”. Para começar o “concerto” tiveram que fazer um “conserto”. Ao “empossar”, permitiu-se à esposa “empoçar” o palanque de lágrimas. Uma mulher “vivida” é sempre mais “vívida”, “profetiza” a “profetisa”. “Calça”, você “bota”; “bota”, você “calça”. “Oxítona” é “proparoxítona”. Na dúvida, com um pouquinho de contexto, garanto que o “público” entenda aquilo que “publico”. E paro por aqui, pois esta lista já está longa. Realmente, “português” não é para amador! Se você foi capaz de ENTENDER TUDO, parabéns! Seu “português” está muito bom!

(Desconheço a Autoria)

Excelente texto para se trabalhar acentuação gráfica, homonímia e paronímia.