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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ainda não perdemos a esperança

Francisco Miguel de Moura
Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, Teresina-PI, e da IWA-Interntional Writers and Artists Association-EUA       

Diante de toda a análise procedida, lembro dos símbolos de nosso país, ainda felizmente falando o português abrasileirado. O primeiro deles o Hino Nacional, depois a bandeira. Somente no desprezo pelo saber, pela escola, pelo livro pode chegar a uma suposição de ter-se perdido o hábito de o Hino Nacional nas Escolas há muito, muito tempo. E, como sabemos que cantar infunde na criança alegria e paixão, nossos homens atuais têm um desprezo enorme por nossa história e até debocham dos antepassados, como se nada tivéssemos com ele.  Só somos brasileiros por ocasião de jogos de Copa de Mundo ou de outros torneios internacionais? O que é isto? Não há mais inspetor escolar (não há mais inspetor de nada), e eu lembro de quando uma dessas autoridades chegava às escolas: todos os alunos levantavam e batiam palmas, enquanto, de pé e em silêncio, esperavam a ordem dele para sentarem. Havia respeito. Hoje o respeito foi para o ar: virou moda os assaltos à mão armada, os danos ao patrimônio público, os assassinatos sem solução policial... Sinceramente, eis o que todos nós sentimos: a vida perdeu muito do seu valor. E é ou não este um  dos direitos fundamentais do homem? Por sinal, o primeiro, pois sem ele os outros não têm condição de existir.

Deixamos de falar sobre o trânsito – também a nossa Constituição do Estado reza que, nas escolas deve haver aulas de educação no trânsito. No trânsito transparece toda a educação (pra não dizer falta de educação) do brasileiro. Apesar de tirarem os documentos e aprenderem em pequenas aulas partes especiais do Código de Trânsito, agem como se, conhecendo a lei, tenham maior prazer de ignorá-la. E por que deixamos o problema apenas apontado? Porque tomaria todo o nosso tempo e não chegaríamos a tempo com nossa proposta de uma reforma da educação no Brasil, em profundidade e para ser comandado o programa por diversos governos, por diversas gerações para começar  a dar resultados. Escola para todos, a começar pelos pais – que estão muito precisados de noções do que é uma família e de que ela deve ser dirigida, educada,  seguida, amada – a família a célula mater da sociedade.

Para terminar, gostaria citar uma parte do artigo “O gargalo da educação básica no Brasil” (Folha de Pernambuco, 29/7/2013), de autoria de Roberto de Queiroz, dentro do qual transcreve estas palavras: “O prof. João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, [...] salienta a importância de se ter senso de realidade em relação aos programas de ensino antes de adotá-los (ou não). Os municípios precisam analisar  cuidadosamente os programas de ensino que aplicam, a adequação do material didático e os mecanismos de apoio ao professor. Mas principalmente parar de  atrapalhar a escola, criando e recriando programas.” Depois de citar seu colega, Roberto de Queiroz, professor da rede pública há mais de doze anos na educação básica, dá sua opinião sensata: “O problema é que os governantes não visam o alvo. Atiram aleatoriamente para todos os lados. Por que não ouvir os gestores, os coordenadores pedagógicos e os professores, a fim de saber qual programa se adéqua melhor à realidade dos estudantes? Ou por que não dar autonomia aos municípios para que eles construam seu próprio currículo pedagógico, em consonância com as características locais e as diretrizes nacionais?”

O que foi dito para os municípios também é válido para os Estados. Não é fácil construir e executar um programa de caráter nacional, mas que contemple as diferenças locais, dando independência a municípios e Estados para colaborarem nessa empresa que salvará o Brasil, certamente. Porém, programas complexos assim exigem tempo e continuidade da política, dentro da estrita democracia. Por isto, não haverá referendo, não haverá plebiscito, não haverá reforma política que sirvam enquanto não fizermos a reforma da educação, com paciência, saber e destinação, pois o Brasil tem muito para ser uma grandiosa Nação.