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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Educação Física no Ensino Fundamental

Roberto de Queiroz


Defende-se a tese de que a Educação Física seja componente curricular específico na primeira fase do Ensino Fundamental. Há secretários de educação municipais e estaduais e funcionários do Ministério da Educação que resistem a essa ideia. Os opositores alegam, entre outras coisas, que, nos anos iniciais de escolaridade, não há um professor específico para cada componente curricular. Assim, o professor lotado nessa modalidade de ensino atende às necessidades dos estudantes em todos os componentes curriculares e, por sua vez, devem atendê-las também quanto às aulas de Educação Física.

As autoridades educacionais responsáveis pela elaboração/manutenção dos currículos escolares brasileiros estão convencidas de que a Educação Física é algo absolutamente desnecessário no processo de formação dos estudantes da primeira fase do Ensino Fundamental. Porém estão totalmente equivocadas. Compete a nós, professores, comprovar isso. O fato é que nossos argumentos parecem ser ainda muito frágeis.

Não dou crédito à defesa corporativista da Educação Física como componente curricular no Ensino Fundamental. Os profissionais da área devem ser convincentes quanto a sua necessidade e importância para o desenvolvimento social e intelectual dos estudantes matriculados na modalidade de ensino em tela. E devem fazer isso por meio de argumentos científica e filosoficamente sólidos, no intuito de demonstrar a devida competência para ministrá-la.

É óbvio que o professor da primeira fase do Ensino Fundamental, o qual ministra aulas de seis componentes curriculares (Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências e Arte, respectivamente), não se sente preparado, nem seguro, e não reúne as condições estruturais para dar conta dos conteúdos de Educação Física. E, desse modo, os estudantes acabam arcando com o prejuízo.

Defendo, portanto, a ideia de que, nessa modalidade de ensino, sejam contratados professores específicos por componente curricular. Inclusive, de Educação Física. Não vejo mal algum em, já a partir do primeiro ano do Ensino Fundamental, os estudantes terem contato com professores de componentes curriculares específicos. Não há provas de que tal contato os prejudique de alguma forma. Pelo contrário, com a redução de sete componentes curriculares para um, em sua jornada semanal, o professor terá mais tempo para ler, estudar e planejar suas aulas. E os estudantes, logicamente, serão beneficiados com isso.

(Artigo publicado no jornal Gazeta do Oeste, Mossoró/RN, em 11/06/2015, Opinião, p. 2)