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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A inaceitável cassação do gerúndio

Nelly Carvalho*

O governador de Brasília, José Roberto Arruda, [...] oficializou em portaria, algo que muitos professores de Português já fizeram na prática: assinou o ato de demissão do gerúndio, na linguagem burocrática, lá do seu império. E pode? perguntaram alguns. E deve? perguntaram outros. 

Para começo de conversa, são outras as cassações pelas quais ansiamos, são outras as que são necessárias a uma faxina ética no país. Mas, faxina linguístico-gramatical? Nunca se ouviu falar. 

Todos sabemos que a língua é feita de consensos e já dizia Bandeira “língua certa do povo, pois é ele que faz o português gostoso do Brasil”: nunca é feita através de banimentos e cassações.

Onde ficam as vozes dos nossos compositores como Geraldo Vandré, (Caminhando e cantando as mais lindas canções, somos todos iguais braços dados ou não) Nelson Ferreira (Comecei meu carnaval sorrindo com a alma e o coração cantando), Chico Buarque (Hoje o samba saiu, procurando você) poetas como Bandeira (Estão todos deitados dormindo profundamente) prosadores como Eça de Queirós (A mesma luz perdeu o tom magoado, cobrindo Jerusalém).

E por fim um dos forjadores do português, Camões (e a memória gloriosa daqueles reis que foram dilatando a fé e o império, a Ásia e a á África devastando) imprimindo movimento a seus versos, eternizando as conquistas portuguesas.

O uso das formas conjugadas parece mais natural ao falante. As formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) sempre causam dificuldades no uso, excetuando o último, o particípio, que funciona como um adjetivo.

Se o alvo da cassação fosse o infinitivo pessoal, até se podia entender a antipatia, o olhar enviesado. Pois esta é uma forma que só existe no português (chama-se idiotismo da língua) e seu uso foi disciplinado tardiamente, no século XIX. Daí a variação de emprego da forma pessoal e impessoal, considerada por alguns gramáticos como questão de estilo. 

Não é o caso do gerúndio. A forma é uma herança latina, vem desde a formação da língua e existe e é empregado nas línguas latina modernas, como o espanhol e o francês; o inglês também o adotou, seguindo o caminho do latim, língua a que tomou emprestado 60% do seu vocabulário. Criou a forma verbal com o ing final: seu emprego é muito frequente. 

Qual a justificativa desta demissão sumária? Para os professores que a rejeitam é a dificuldade e o desinteresse de ensinar que, não sendo forma conjugada, não pode constituir uma oração independente.

Para as autoridades que se arrogam o direito de cassar uma forma verbal legítima, será que seu uso exagerado no telemarketing, influenciando o burocratês?

A desgastada frase Vou estar transferindo sua ligação, pode facilmente ser transformada em Vou transferir. E é mais didático e simples corrigir que proibir. Ninguém, ao assumir um mandato político, recebe delegação dos eleitores, para interferir nos usos da linguagem. Nem o ditador Mussolini conseguiu: proibiu o uso do pronome lei em italiano, mas ele permanece até hoje em uso.

Será que Chávez vai testar seu poder com alguma proibição do tipo?

Se o português é o espanhol sem ossos, como diz Unamuno, pela frequência de vogais, o português brasileiro é o português com azúcar, segundo a linguista galega, Pilar Vasquez Cuesta. A forma do gerúndio ajuda a torná-la mais doce e mais musical, evitando a aspereza do excesso de quês, nas orações subordinadas. 

*Nelly Carvalho é professora da PG de letras da UFPE e conselheira do CEE/PE.
 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mutirão da biblioteca

Carminha Bandeira*
Há aproximadamente duas semanas teve início o mutirão de construção da Biblioteca Comunitária Caranguejo Tabaiares (BCCT). Essa biblioteca já tem mais de cinco anos e surgiu da iniciativa de um grupo de moradores da comunidade Caranguejo Tabaiares, que fica na Ilha do Retiro, próxima ao SEBRAE, ao Sport Club do Recife e à Universidade de Pernambuco.
O envolvimento dos jovens da comunidade com o projeto da biblioteca é o ponto alto de sua sustentabilidade, mas eles também contam com o apoio de outras instâncias locais, como o Grupo dos Idosos (coordenador por Cleonice, conhecida por Nice) com quem mantém uma firme parceria a Associação de Moradores e o Centro Público de Economia Popular e Solidária “Maria Luzinete Costa”.
O forte senso de organização, solidariedade e espírito coletivo de seu coordenador Reginaldo Pereira é responsável pela mobilização de várias entidades que colaboram com a BCCT. Além das entidades citadas acima, situadas no seu entorno, a biblioteca conta ainda com a contribuição do ETAPAS, SEBRAE, FCAP, da FAFIRE, da Fundação de Cultura Cidade do Recife, do Programa Manuel Bandeira, do Programa Pernambuco Lendo, Companhia Criativa e outras. E com a solidariedade de uma Rede de Amigos, cujos integrantes ajudam com serviços e às vezes com pequenas contribuições financeiras.
Desde 2007 a BCCT integra a Rede de Bibliotecas Comunitárias do Recife (Releituras) que tem apoio financeiro e assessoria pedagógica do Instituto C&A (Programa Prazer em Ler)
A biblioteca funciona nos três turnos e atende diariamente aproximadamente 50 crianças. Além de Reginaldo, mais oito jovens atuam na biblioteca desempenhando as tarefas de mediação de leitura, auxiliar administrativo e atualização do blog. São Ana Paula, Jadilson, Janaina, Jully, Leninha, Mayara, Rayane, e Rodolfo.
Uma das ações importantes realizadas pela biblioteca é o atendimento às crianças da Escola Municipal Santa Edwiges, que fica na circunvizinhança, através do Programa Mais Educação (MEC). Existe um convênio formal entre MEC/Escola e a biblioteca, firmado através de acordo que estabelece o atendimento a um número determinado de crianças que não desenvolveram adequadamente as competências básicas de leitura e escrita, conforme os sistemas de avaliação nacional, estadual e municipal.
As crianças são atendidas no contra turno escolar, para participar de leitura de textos literários, ouvir histórias e escrever, buscando superar as lacunas relativas ao processo de alfabetização, muito comuns em ambientes cujas famílias ainda não se apropriaram da cultura letrada.
Somando os recursos oriundos desse convênio, com os do projeto do Instituto C&A, com algumas bolsas disponibilizadas pelo Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, os jovens transformam o total numa espécie de bolsa auxilio BCCT e fazem uma redistribuição per capita que chega a aproximadamente a 50% do salário mínimo. Isso não é regular e em alguns meses, especialmente em janeiro e julho, por causa das férias, eles não contam com os recursos do Programa Mais Educação, o que provoca uma míngua na bolsa, que prejudica e às vezes impossibilita esse compartilhamento.
Curiosamente nesses dois meses, os jovens realizam uma atividade programática da maior importância – a Semana do Conto de Histórias – que na verdade é uma quinzena e tem como objetivo oferecer um programa intenso de leitura e linguagens, a aproximadamente 150 crianças diariamente (nos três turnos) como uma alternativa de ocupação sadia nas férias. Além do envolvimento direto dos 09 jovens, eles mobilizam o dobro disso de voluntários da comunidade que se envolvem com a atividade, além de contar com a participação também voluntária de poetas, contadores de histórias, escritores, músicos, cordelistas, entre outros.
A precariedade do espaço onde atualmente funciona a BCCT fez com que esses jovens da BCCT, com apoio de Nice, do Clube de Idosos, partissem para a construção de uma nova sede que deverá abrigar as duas instituições. Ou seja, a coordenação do Clube de Idosos propôs derrubar um barraco onde funcionava a sua sede (o que já foi realizado) e dar início à construção de um novo espaço, mais amplo e com melhor estrutura. No que se refere à assessoria técnica da construção, estão contando com a ajuda de engenheiros e arquitetos ligados à UPE.
A nova construção terá um piso térreo, a ser destinado ao Clube dos Idosos; e o primeiro piso, onde funcionará a BCCT. Isso porque a casa onde atualmente funciona a biblioteca se tornou muito pequena para abrigar mais de cinco mil livros que hoje constitui o acervo da biblioteca. Não existe mais espaço para estantes e para a recepção de novos livros. Além disso, a casa não oferece condições adequadas de atendimento aos usuários, que no momento, são majoritariamente crianças e adolescentes. E o aluguel representa um custo adicional, para quem sobrevive com recursos tão minguados.
Todos estão convidados a participarem do mutirão de construção da nova sede da BCCT/Grupo dos Idosos, contribuindo com serviços, materiais de construção e doação financeira. Quem quiser entrar nessa ciranda pode fazer contato com a BCCT nos telefones (81) 8785-9536 ou (81) 3077-2535. Ou acessar os blogs
Além disse pode participar do Fórum em Defesa do Livro, da leitura e das bibliotecas, para ampliar o debate sobre o papel fundamental das bibliotecas numa política publica de leitura. O fórum conta com a representação de várias instâncias governamentais e da sociedade civil, mas é muito bem vinda a participação dos gestores, conselheiros de educação e cultura e dos representantes da Câmara Municipal e à Assembléia Legislativa.
Um dos entraves enfrentados no momento neste fórum é saber como avançar na execução de um projeto de lei que já foi votado e sancionado há praticamente dois anos e não se sabe o que está impedindo a operacionalidade. A lei contempla ações em parceria entre estado e sociedade civil enfatizando o aprendizado de uma gestão compartilhada e democrática, na perspectiva das redes.
Diante de um trabalho tão importante, conduzido por jovens que sobrevivem no limite da linha de pobreza e abrem, com esforços próprios, caminhos para a inserção no mundo da leitura, escrita e informação, perguntamos por que é tão difícil para os gestores estabelecerem políticas que:
· Valorizem as bibliotecas como ambientes de acesso à informação e disseminação da cultura letrada?
· Apóiem as bibliotecas comunitárias, criando um fundo voltado para a renovação permanente de acervo e melhoria das instalações, envolvendo o desenvolvimento de concepção de ambientes adequados?
· Criem uma modalidade de bolsa, para jovens agentes de leitura das comunidades?
· Fortaleçam a Universidade apoiando cursos de formação de mediadores de leitura e orientações técnicas à catalogação e informatização de acervos e incentivo ao sistema de empréstimos e circulação dos livros entre as famílias?

sábado, 14 de janeiro de 2012

Roberto de Queiroz (resumo biobibliográfico)


Roberto de Queiroz tem graduação em Letras pela Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul (FAMASUL), Palmares/PE, 2003; especialização em Letras pela Universidade de Pernambuco (UPE), 2007; formação em Mediação de Leitura pelo Centro de Estudos em Educação e Linguagem (CEEL/UFPE), 2012; e especialização em Gestão Escolar pela Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte, 2012.

É Membro da Academia Internacional de Escritores Brasileiros. Publicou cinco livros e integra várias antologias. Tem poemas, contos, crônicas e artigos publicados em jornais e revistas. Foi laureado em certames literários realizados em Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo.



PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA

LIVROS DO AUTOR

* Meus versos livres e soltos, Recife, PE, Edição do Autor, 1997.
* A nudez de escrever, Curitiba, PR, Editora Protexto, 2011.
* O enigma do olhar, Olinda, PE, Editora Livro Rápido, 2012.
* Leitura e escrita na escola: ensino e aprendizagem, Olinda, PE, Editora Livro Rápido, 2013 [2. ed. rev. e ampliada, Rio de Janeiro, RJ, Editora Multifoco, 2016].
* Recortes do tempo, Maringá, PR, Editora Viseu, 2019.


PARTICIPAÇÃO EM ANTOLOGIAS

* Poetas do ano 2000, Palmares, PE, Edição de Vários Autores, 2000.
* Poesias brasileiras, São José do Rio Preto, SP, Editora Casa do Livro, 2001.
* Poemas de amor, São José do Rio Preto, SP, Editora Casa do Livro, 2002.
* Brasil literário 2002, Caxias do Sul, RS, Edição de Vários Autores, 2002.
* Poesias brasileiras v. 2, São José do Rio Preto, SP, Editora Rio-pretense, 2003.
* Poetas da Famasul, Recife, PE, Edições Bagaço, 2004.
* Colibris em voo: antologia poética nacional, Goiânia, GO, Editora Kelps, 2005.


Endereço para acessar CV integral:

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Dan Brown (biografía)

(Exeter, 1964) Escritor estadounidense, conocido especialmente como autor del best-seller El Código Da Vinci (2003). Dan Brown era uno de los tres hijos (Valery y Gregory son sus hermanos) del matrimonio formado por Richard G. Brown, un matemático ganador de varios premios científicos, y Constance, una intérprete y compositora de música religiosa.


                                                                                        Dan Brown


Tras estudiar Literatura en la Universidad de Amherst y en la Academia Phillips de Exeter (donde su padre era profesor), decidió seguir el camino de su madre y comenzó una carrera musical. Se dedicó a crear efectos sonoros con teclados electrónicos y grabó un primer disco para niños que imitaba los sonidos de los animales de la selva, y luego otro, más elaborado, destinado a los adultos.

Brown se trasladó a Hollywood con el objeto de intentar convertirse en un músico profesional del cine y llegó a inscribirse en la Academia Nacional de Compositores de Los Ángeles, donde conoció a la que sería su esposa (12 años mayor que él), la pintora e historiadora del arte Blythe Newlon, quien se ocupó en principio de la promoción de un nuevo disco de Brown compuesto de canciones de amor.

Como la fortuna musical no le sonrió en exceso, optó por regresar a New Hampshire para trabajar como profesor de Literatura inglesa, hasta que en 1996 decidió dedicarse a la escritura. Así nacieron sus novelas La fortaleza digital (1996), Ángeles y demonios (2000) y La conspiración (2001), en las que resuenan los ecos de los debates entre ciencia y religión que oía de muchacho en su hogar, y la afición por los códigos secretos que le inculcó su padre.

La fortaleza digital es una novela de intriga en la que la tecnología desempeña un papel fundamental. Brown plantea la cuestión de hasta qué punto la seguridad nacional y la amenaza del terrorismo justifican las intromisiones en la privacidad del individuo. La protagonista es una criptógrafa empleada en la Agencia de Seguridad Nacional que debe viajar a Sevilla para seguir la pista de un código indescifrable. Brown, que en 1995 había estudiado historia del arte en Sevilla, describe esta ciudad española con sordidez y como un lugar anclado en el pasado. Ángeles y demonios es también una novela de misterio que presenta un conflicto entre ciencia y religión; en ella, el profesor Langdon y la científica Vittoria Vetra se enfrentan a una peligrosa secta, los Illuminati. La conspiración se centra en el descubrimiento de un misterioso objeto en el círculo polar ártico.

Las tres novelas fueron reeditadas numerosas veces tras el éxito fulminante de El Código Da Vinci, libro que no sólo le dio una inmensa popularidad, sino que lo obligó también a afrontar algunos juicios por plagio. Su trama, que combina temas esotéricos, religiosos y artísticos con elementos clásicos de las novelas de misterio, atrajo a millones de lectores.

La novela fue llevada al cine en 2006 por el director Ron Howard, con el actor Tom Hanks en el papel del personaje protagonista: Robert Langdon, profesor de simbología y de arte religioso en Harvard. El Código Da Vinci impulsó además un curioso fenómeno: la publicación de numerosos libros de autores que desafiaban (o que habían desafiado a lo largo de la historia) la doctrina oficial de la Iglesia sobre Jesucristo, María y otras figuras del cristianismo.

Se ha dicho que los libros de Dan Brown tienen en común su impericia literaria y una multitud de errores históricos, geográficos, religiosos y artísticos. Pero, sobre todo, han conquistado millones de lectores más allá de la publicidad, atrapados por la trama de la "gran conspiración". A mediados de 2008 El Código Da Vinci, cuya primera edición en Estados Unidos databa de 2003, había sido traducida a más de 40 idiomas y superaba la cifra de 70 millones de ejemplares vendidos en todo el mundo. Su autor había obtenido desde la publicación unos ingresos anuales de alrededor de 80 millones de dólares, lo que le hizo figurar, de la noche a la mañana, entre los escritores norteamericanos más ricos y famosos, aunque quizás nunca figurará entre los que han realizado un aporte significativo a la literatura.