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domingo, 10 de outubro de 2021

“Maquiagem”, “maquilagem” ou “maquilhagem”?

O termo “maquilhagem” tem o étimo no francês “maquillage”. E, embora seja de uso corrente no português europeu, ele configura como verbete em dicionários de continentes distintos, a exemplo do Priberam (europeu) e do Dicio (latino-americano), em que é registrado como sinônimo de “maquiagem” e “maquilagem”.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

O valor da locução adverbial «de repente»: de tempo e/ou de modo

Na frase «De repente, o Inverno apareceu disfarçado de Primavera», a locução adverbial «De repente» é considerada de tempo, ou de modo?

Em primeiro lugar, importa sublinhar que, em casos como estes, em que existe mais do que uma possibilidade interpretativa para uma dada expressão, o contexto (linguístico ou extralinguístico) desempenha um papel fundamental para a emergência de um significado concreto. Ou seja, e como veremos adiante, a interpretação conferida à locução adverbial em causa vai depender, em grande medida, da globalidade do discurso ou das circunstâncias em que tal elemento comparece.

Isto não significa, naturalmente, que, dadas as condições necessárias, não seja possível reconhecer a saliência de cada um dos significados atribuídos à locução. Assim, numa frase como «O computador desligou-se de repente (= repentinamente/subitamente)», parece ser consensual que estamos perante uma leitura em que a locução «de repente» assume o valor de adverbial de modo, como a equivalência a formas como «repentinamente» ou «subitamente» nos sugere. Já numa sequência como «Primeiro, o João falou da sua viagem ao Brasil. Depois, a Maria contou a sua ida à Madeira. Em seguida, o Rui descreveu os quinze dias passados em Itália. De repente (= então/nesse momento/nessa altura), todos estavam a falar das suas férias», a interpretação como adverbial de tempo parece ser preferencial, na medida em que «de repente» assume valores próximos a expressões temporais como «então, nesse momento» ou «nessa altura».

O problema que se coloca com a frase que surge na questão formulada é que, na ausência de um contexto que possa desambiguar o seu significado, a expressão «de repente» pode assumir tanto um valor de modo quanto um valor de tempo. Por outras palavras, será necessário aceder a informações mais concretas sobre o contexto em que a frase é proferida para lhe conferir um significado preferencial. Vamos ilustrar este ponto em seguida.

Contexto 1: Dois falantes estão a conversar sobre um inverno que foi muito frio e chuvoso até ao dia 22 de fevereiro. No dia 23, porém, chega o sol, e as temperaturas sobem significativamente. Ao proferir a frase «De repente, o inverno apareceu disfarçado de primavera», o falante está a fazer corresponder a locução adverbial «de repente» a advérbios como repentinamente ou subitamente, o que significa que nos encontramos perante uma interpretação equivalente a um adverbial de modo.

Contexto 2: Dois falantes estão a conversar sobre um inverno em que se verificou uma antecipação do decorrer normal do desenvolvimento das condições naturais. Primeiro houve alguns dias de sol, depois as árvores começaram a ganhar folhas, e algumas plantas floriram. Ao proferir a frase «De repente, o inverno apareceu disfarçado de primavera», o falante parece estar a fazer corresponder a locução adverbial «de repente» a expressões temporais como «então», «nesse momento», «nessa altura», o que indicia que estamos perante uma interpretação em que a construção em causa recebe uma leitura que equivale preferencialmente à de um adverbial temporal.

FONTE: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-valor-da-locucao-adverbial-de-repente-de-tempo-eou-de-modo/31118. Acesso em: 03 set. 2021.

sábado, 7 de agosto de 2021

Idílio

Roberto de Queiroz


Conforme os dicionários, o termo “idílio” (derivado do grego eidýllion), entre os gregos antigos, era atribuído a qualquer poema curto, de natureza descritiva, narrativa, dramática, épica ou lírica. Em sentido figurado, pode ser definido como sonho, fantasia ou sentimento amoroso. E, desse modo, pode tratar de temas como a poesia, os anseios da alma e o amor.

Mas eu não me limito aqui a fazer referência ao sentido dicionárico desse termo. Refiro-me, além disso, à obra “Idílio”, do escritor gaúcho Nelson Hoffmann (1939-2021), uma coletânea composta de crônicas minuciosamente selecionadas, ou seja, os textos que a compõem são nitidamente nutridos do apreço de seu autor.

Para meu contento, Hoffmann republicou nessa obra uma crônica intitulada “Sensibilidade”, na qual eu sou uma das personagens centrais. Essa crônica já havia sido publicada em “A arte de nascer das palavras” (EdiURI/Ledix, 2009, p. 55-61), também de autoria dele.

Hoje, vejo-a republicada em “Idílio” (EdiURI/Ledix, p. 15-19). E, conforme disse Hoffmann, no texto de abertura da obra, as crônicas ali publicadas foram, pela primeira vez, postas lado a lado, íntimas umas das outras, visto que todas tratam da mesma temática: a afetividade entre as pessoas.

Detalhe: a crônica “Sensibilidade” foi escrita por três mãos. Duas dessas mãos são de personagens – as minhas e as de Inês Hoffmann[1] –, porém de personagens reais, vivas, protagonistas. A terceira mão é a do artesão da palavra – do redator final da crônica –, alguém que é capaz de reinventar o cotidiano e registrá-lo segundo essa reinvenção, que, pelo fato de narrar em primeira pessoa e se incluir no evento narrado, também é personagem. No fim, nós três somos personagens!

De modo similar, tanto o conjunto de crônicas que compõem a obra “Idílio” quanto a crônica homônima que a intitula foram escritas por várias mãos. Mãos de pessoas que se respeitam e explicitam o bem-querer que sentem umas pelas outras!

[1] Inês Hoffmann: poeta e filha de Nelson Hoffmann.

(Crônica publicada no jornal O Nheçuano, Roque Gonzales, RS, jul./ ago. 2021, p. 3)


domingo, 13 de junho de 2021

Como é que se escreve?

“Meio-dia e meio” ou “meio-dia e meia”? A grafia correta é “meio dia e meia”, pois se trata da metade de um dia (meio dia) e a metade de uma hora (meia hora). A mesma lógica vale para “meia-noite” mais “meia hora”: “meia-noite e meia”.