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sábado, 7 de agosto de 2021

Idílio

Roberto de Queiroz


Conforme os dicionários, o termo “idílio” (derivado do grego eidýllion), entre os gregos antigos, era atribuído a qualquer poema curto, de natureza descritiva, narrativa, dramática, épica ou lírica. Em sentido figurado, pode ser definido como sonho, fantasia ou sentimento amoroso. E, desse modo, pode tratar de temas como a poesia, os anseios da alma e o amor.

Mas eu não me limito aqui a fazer referência ao sentido dicionárico desse termo. Refiro-me, além disso, à obra “Idílio”, do escritor gaúcho Nelson Hoffmann (1939-2021), uma coletânea composta de crônicas minuciosamente selecionadas, ou seja, os textos que a compõem são nitidamente nutridos do apreço de seu autor.

Para meu contento, Hoffmann republicou nessa obra uma crônica intitulada “Sensibilidade”, na qual eu sou uma das personagens centrais. Essa crônica já havia sido publicada em “A arte de nascer das palavras” (EdiURI/Ledix, 2009, p. 55-61), também de autoria dele.

Hoje, vejo-a republicada em “Idílio” (EdiURI/Ledix, p. 15-19). E, conforme disse Hoffmann, no texto de abertura da obra, as crônicas ali publicadas foram, pela primeira vez, postas lado a lado, íntimas umas das outras, visto que todas tratam da mesma temática: a afetividade entre as pessoas.

Detalhe: a crônica “Sensibilidade” foi escrita por três mãos. Duas dessas mãos são de personagens – as minhas e as de Inês Hoffmann[1] –, porém de personagens reais, vivas, protagonistas. A terceira mão é a do artesão da palavra – do redator final da crônica –, alguém que é capaz de reinventar o cotidiano e registrá-lo segundo essa reinvenção, que, pelo fato de narrar em primeira pessoa e se incluir no evento narrado, também é personagem. No fim, nós três somos personagens!

De modo similar, tanto o conjunto de crônicas que compõem a obra “Idílio” quanto a crônica homônima que a intitula foram escritas por várias mãos. Mãos de pessoas que se respeitam e explicitam o bem-querer que sentem umas pelas outras!

[1] Inês Hoffmann: poeta e filha de Nelson Hoffmann.

(Crônica publicada no jornal O Nheçuano, Roque Gonzales, RS, jul./ ago. 2021, p. 3)


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