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quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A poesia freiriana

Roberto de Queiroz
O título acima faz referência à poesia do autor ipojucano Josivaldo Freire. Ele é natural de Camela, distrito de Ipojuca/PE, e estreia nas letras com o livro “Voo singular: poemas que elevam” (Editora Inovação, 2018).

A poesia de Josivaldo Freire transita pelo clássico, o moderno e o contemporâneo. Leitor assíduo da Bíblia e admirador declarado de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Machado de Assis, Rainer Maria Rilke, Florbela Espanca, William Shakespeare e outros autores do mesmo naipe, bebeu dessas fontes sem se deixar levar pelo vício nem pela embriaguez poética.

Nesse sentido, pode-se concluir que Josivaldo Freire não usou tais referências como bíblia nem se deixou influenciar profundamente por elas. Conforme disse o próprio poeta, em entrevista à TV Ipojuca Online, a leitura das obras desses autores serviu de auxílio no processo de sua criação poética, porém de forma sutil.

Melhor dizendo, com base nessa experiência literária, Josivaldo Freire desenvolveu o próprio estilo e, por sua vez, uma poesia original, que tem a capacidade de prender o leitor e o fazer refletir. Sou testemunha ocular de que os poemas que compõem o livro em tela são de excelente nível linguístico-literário: muito bem escritos e devidamente nutridos da figuração de linguagem – a espinha dorsal e a alma de todo texto poético.

“Voo singular” aborda, entre outras temáticas, a religiosidade, a autoestima, a psicologia, as relações humanas e recortes do cotidiano, configurando-se uma obra que navega pela espiritualidade, os mistérios da mente e a imaginação. De modo que, ao embarcarmos nesse universo poético, podemos dar asas à nossa capacidade imaginativa e passear “sem destino” / “pelas terras de ninguém” (p. 13).

O século XXI é a época em que se colhe uma das melhores safras da poesia brasileira. E a poesia de Josivaldo Freire certamente faz parte dessa safra. Por meio da linguagem subjetiva, o poeta revela sua visão crítica de mundo. Utilizando-se da mimese e da inventividade, o autor veste sua obra de uma roupagem figurativa e, nesse jogo de ideias, ensina-nos a “ouvir o que não se diz” e “ver o que não se mostra” (p. 121). E mais: convida-nos a voar. Embarquemos, pois, nesse “Voo singular”!