Outro dia, recebi um exemplar do livro
Ramalhete de versos, de Lúcio Mário,
e, anexo a ele, o pedido da minha opinião. Li, atenciosamente, cada palavra,
tão atenciosamente concentrado e preso que parecia vivenciar cada poema. Porém,
ao finalizar todo o conjunto textual, perguntei a mim mesmo: “O que posso
articular a esse respeito?”
Não posso, em hipótese alguma,
fazer-lhe uma interpretação. Isso seria uma tentativa frustrada. Ramalhete de versos, na sua essência, é
poesia; na sua forma, é uma obra de arte, e não há uma interpretação ou uma
análise justa para com as obras de arte. Ambas, como disse Rilke: “[...] ou são
opiniões partidárias petrificadas e tornadas sem sentido em sua rigidez morta,
ou hábeis jogos de palavras inspirados hoje numa opinião, amanhã noutra. As
obras de arte são de uma infinita solidão; nada as pode alcançar tão pouco
quanto a crítica. Só o amor as pode compreender e manter e mostrar-se justo com
elas”.[1]
Aqui, limito-me apenas a fazer um
breve proferir à poética Lúcio-mariana, que se arraiga a poemas cuja leitura
causa-nos prazer. Tal harmonia é oriunda de uma unidade formal interior, a qual
só a um poeta pode ser inerente. E o amigo sabe muito bem manejar isso.
Parabéns! Que continue ostentando em poesia a fertilidade da sua inteligência.
Roberto
de Queiroz
Ipojuca (PE), maio de 2001.
(Apresentação. In: MÁRIO, Lúcio Mário. Ramalhete de versos.
Ipojuca: Edição do Autor, 2001. p. 1)
[1]
RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. Trad. Paulo Rónai. 27. ed.
São Paulo: Globo, 1997. p. 31-32.
estou mui contente estou lendo e vendo minha alma... essa janela faz-me feliz.LÚCIO MÁRIO.
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