Roberto
de Queiroz
Pesquisa realizada
em 34 países, entre 106 mil profissionais de educação, revela que os
professores brasileiros são os que mais trabalham, mas têm o salário mais baixo
do mundo. No Brasil, esses profissionais trabalham, em média, 6 horas a mais
que em outros países. Perdem 20% do tempo pedagógico com a indisciplina dos
estudantes e 12% com tarefas administrativas (Jornal da Cultura, 25/06/2014).
O
percentual referido às tarefas administrativas soa equivocado, basta considerar
o tempo reservado ao preenchimento de diários de classe, os quais geralmente
são cheios de redundâncias e exigências desnecessárias, tome-se como exemplo aqueles
em que o planejamento registrado no início da cada unidade bimestral é repetido
no registro diário de aulas, ou seja, faz-se a mesma coisa duas vezes. Há casos,
inclusive, nos quais se exige do professor o registro de 5 notas por estudante,
em cada unidade bimestral, avaliando em cada uma delas habilidades,
competências, atitudes e comportamentos. Acrescente-se a isso o direito do
estudante a uma recuperação paralela a cada uma dessas 5 notas e uma recuperação
final.
Os
professores da primeira etapa do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) ministram
aulas de 7 disciplinas, a saber, português, matemática, história, geografia,
ciências, artes e ensino religioso. Se ainda forem acrescentadas a Constituição
Federal e ética, conforme sugerem alguns políticos, o total ascenderá para 9. A
maior parte desses profissionais trabalha em duas escolas. Há mesmo quem
acredite que eles realmente dispõem de tempo para pesquisar, analisar, planejar
os conteúdos a serem ministrados em todas essas disciplinas e para realizar
(entre outras) as tarefas administrativas citadas anteriormente?
(Artigo publicado no jornal Gazeta do Oeste, Mossoró/RN,
01/07/2014, Opinião, p. 2)
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