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terça-feira, 1 de julho de 2014

Os professores que mais trabalham

Roberto de Queiroz

Pesquisa realizada em 34 países, entre 106 mil profissionais de educação, revela que os professores brasileiros são os que mais trabalham, mas têm o salário mais baixo do mundo. No Brasil, esses profissionais trabalham, em média, 6 horas a mais que em outros países. Perdem 20% do tempo pedagógico com a indisciplina dos estudantes e 12% com tarefas administrativas (Jornal da Cultura, 25/06/2014).

O percentual referido às tarefas administrativas soa equivocado, basta considerar o tempo reservado ao preenchimento de diários de classe, os quais geralmente são cheios de redundâncias e exigências desnecessárias, tome-se como exemplo aqueles em que o planejamento registrado no início da cada unidade bimestral é repetido no registro diário de aulas, ou seja, faz-se a mesma coisa duas vezes. Há casos, inclusive, nos quais se exige do professor o registro de 5 notas por estudante, em cada unidade bimestral, avaliando em cada uma delas habilidades, competências, atitudes e comportamentos. Acrescente-se a isso o direito do estudante a uma recuperação paralela a cada uma dessas 5 notas e uma recuperação final.

Os professores da primeira etapa do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) ministram aulas de 7 disciplinas, a saber, português, matemática, história, geografia, ciências, artes e ensino religioso. Se ainda forem acrescentadas a Constituição Federal e ética, conforme sugerem alguns políticos, o total ascenderá para 9. A maior parte desses profissionais trabalha em duas escolas. Há mesmo quem acredite que eles realmente dispõem de tempo para pesquisar, analisar, planejar os conteúdos a serem ministrados em todas essas disciplinas e para realizar (entre outras) as tarefas administrativas citadas anteriormente?

(Artigo publicado no jornal Gazeta do Oeste, Mossoró/RN, 01/07/2014, Opinião, p. 2)

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