Roberto de
Queiroz
A
presidente do Brasil, Dilma Rousseff, além de muito elogiada pela imprensa por
sua elegância e discrição, foi muito feliz em seu discurso de posse, em
primeiro de janeiro de 2011. Alguns dos pontos mais altos de seu discurso se
referem à liberdade religiosa, à liberdade de imprensa e à valorização do
ensino infantil, do ensino fundamental e do ensino médio (se articula,
inclusive, investir no ensino médio profissionalizante).
Mas
o ponto que mais me chamou a atenção no discurso de Dilma está na cita: “Os
professores e as professoras são as verdadeiras autoridades da educação.”
Reconhecer esse fato publicamente é algo deveras positivo. Isso porque
ultimamente não é dada ao professor a autoridade que lhe é de direito.
Ou
seja, o professor dificilmente participa de decisões que envolvem suas
atribuições profissionais. Essas decisões quase sempre são tomadas por pessoas
que nunca ministraram uma única aula. Apenas fizeram a leitura de teórico A ou
B, cujas obras não necessariamente refletem a realidade atual. E empurram tudo
isso goela abaixo. São os que costumo chamar de “ratos de laboratório”.
Ora,
alguém faria uma cirurgia com um autodidata em medicina (uma pessoa que nunca
fez uma cirurgia, apenas leu teórico A ou B)? É lógico que não. Por que com a
educação não pode ser diferente? Pode e deve.
Todavia,
o professor nem sempre é consultado sobre as temáticas de capacitações
pertinentes à sua área de atuação, sobre o sistema de avaliação implantado por
estados e municípios, etc. Pelo contrário, o professor é um dos profissionais
que mais tiveram aumento de tarefas nos últimos anos, sem ter o direito de
aduzir sua opinião a esse respeito.
No
discurso de Dilma, há uma promessa de mudança. A atual presidente promete dar
ao professor e à professora o papel que lhes é de direito, isto é, o de
verdadeiras autoridades da educação. Porém, pelo andar da carruagem, parece que
se trata de apenas mais uma promessa de governo.
(Artigo
publicado na Folha de Pernambuco,
13/10/2014, Opinião, p. 10)
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