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sábado, 19 de agosto de 2023

Educação integral e formação humana

Roberto de Queiroz

Estou entre os autores que tiveram artigos selecionados para compor o livro “Educação integral: a formação humana em suas múltiplas dimensões”, publicado pela Secretaria Municipal de Educação do Ipojuca, em agosto de 2023, em conformidade com o Edital nº 06/2023.

Os artigos selecionados para compor este livro dialogam com quatro eixos temáticos: I – Formação Docente e Formação Humana; II – Tecnologias Educacionais; III – Projetos, Práticas e Saberes Docentes; IV – Políticas Educacionais e Currículo.

Meu artigo dialoga com o eixo III supramencionado e tem por título “Currículo e tecnologias digitais: interatividade e inovação no contexto da pandemia da Covid-19”. 

Parabenizo a comissão organizadora pela lisura do processo, pela condução eficiente deste e pela escolha assertiva da equipe técnico-cientifica.

Parabenizo também os demais autores pela boa vontade em disponibilizar seus artigos para que sejam compartilhados com outras pessoas.

E, por último, saliento que todos os autores são professores ativos da rede municipal do Ipojuca. Assim, eles não são meros expectadores do debate que vem sendo realizado em torno da educação, mas estão – como se diz popularmente – com a mão na massa.

Tudo isso faz com que o livro em tela configure um celeiro de produções de ideias e de conhecimentos.

domingo, 10 de outubro de 2021

“Maquiagem”, “maquilagem” ou “maquilhagem”?

O termo “maquilhagem” tem o étimo no francês “maquillage”. E, embora seja de uso corrente no português europeu, ele configura como verbete em dicionários de continentes distintos, a exemplo do Priberam (europeu) e do Dicio (latino-americano), em que é registrado como sinônimo de “maquiagem” e “maquilagem”.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

O valor da locução adverbial «de repente»: de tempo e/ou de modo

Na frase «De repente, o Inverno apareceu disfarçado de Primavera», a locução adverbial «De repente» é considerada de tempo, ou de modo?

Em primeiro lugar, importa sublinhar que, em casos como estes, em que existe mais do que uma possibilidade interpretativa para uma dada expressão, o contexto (linguístico ou extralinguístico) desempenha um papel fundamental para a emergência de um significado concreto. Ou seja, e como veremos adiante, a interpretação conferida à locução adverbial em causa vai depender, em grande medida, da globalidade do discurso ou das circunstâncias em que tal elemento comparece.

Isto não significa, naturalmente, que, dadas as condições necessárias, não seja possível reconhecer a saliência de cada um dos significados atribuídos à locução. Assim, numa frase como «O computador desligou-se de repente (= repentinamente/subitamente)», parece ser consensual que estamos perante uma leitura em que a locução «de repente» assume o valor de adverbial de modo, como a equivalência a formas como «repentinamente» ou «subitamente» nos sugere. Já numa sequência como «Primeiro, o João falou da sua viagem ao Brasil. Depois, a Maria contou a sua ida à Madeira. Em seguida, o Rui descreveu os quinze dias passados em Itália. De repente (= então/nesse momento/nessa altura), todos estavam a falar das suas férias», a interpretação como adverbial de tempo parece ser preferencial, na medida em que «de repente» assume valores próximos a expressões temporais como «então, nesse momento» ou «nessa altura».

O problema que se coloca com a frase que surge na questão formulada é que, na ausência de um contexto que possa desambiguar o seu significado, a expressão «de repente» pode assumir tanto um valor de modo quanto um valor de tempo. Por outras palavras, será necessário aceder a informações mais concretas sobre o contexto em que a frase é proferida para lhe conferir um significado preferencial. Vamos ilustrar este ponto em seguida.

Contexto 1: Dois falantes estão a conversar sobre um inverno que foi muito frio e chuvoso até ao dia 22 de fevereiro. No dia 23, porém, chega o sol, e as temperaturas sobem significativamente. Ao proferir a frase «De repente, o inverno apareceu disfarçado de primavera», o falante está a fazer corresponder a locução adverbial «de repente» a advérbios como repentinamente ou subitamente, o que significa que nos encontramos perante uma interpretação equivalente a um adverbial de modo.

Contexto 2: Dois falantes estão a conversar sobre um inverno em que se verificou uma antecipação do decorrer normal do desenvolvimento das condições naturais. Primeiro houve alguns dias de sol, depois as árvores começaram a ganhar folhas, e algumas plantas floriram. Ao proferir a frase «De repente, o inverno apareceu disfarçado de primavera», o falante parece estar a fazer corresponder a locução adverbial «de repente» a expressões temporais como «então», «nesse momento», «nessa altura», o que indicia que estamos perante uma interpretação em que a construção em causa recebe uma leitura que equivale preferencialmente à de um adverbial temporal.

FONTE: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-valor-da-locucao-adverbial-de-repente-de-tempo-eou-de-modo/31118. Acesso em: 03 set. 2021.

sábado, 7 de agosto de 2021

Idílio

Roberto de Queiroz


Conforme os dicionários, o termo “idílio” (derivado do grego eidýllion), entre os gregos antigos, era atribuído a qualquer poema curto, de natureza descritiva, narrativa, dramática, épica ou lírica. Em sentido figurado, pode ser definido como sonho, fantasia ou sentimento amoroso. E, desse modo, pode tratar de temas como a poesia, os anseios da alma e o amor.

Mas eu não me limito aqui a fazer referência ao sentido dicionárico desse termo. Refiro-me, além disso, à obra “Idílio”, do escritor gaúcho Nelson Hoffmann (1939-2021), uma coletânea composta de crônicas minuciosamente selecionadas, ou seja, os textos que a compõem são nitidamente nutridos do apreço de seu autor.

Para meu contento, Hoffmann republicou nessa obra uma crônica intitulada “Sensibilidade”, na qual eu sou uma das personagens centrais. Essa crônica já havia sido publicada em “A arte de nascer das palavras” (EdiURI/Ledix, 2009, p. 55-61), também de autoria dele.

Hoje, vejo-a republicada em “Idílio” (EdiURI/Ledix, p. 15-19). E, conforme disse Hoffmann, no texto de abertura da obra, as crônicas ali publicadas foram, pela primeira vez, postas lado a lado, íntimas umas das outras, visto que todas tratam da mesma temática: a afetividade entre as pessoas.

Detalhe: a crônica “Sensibilidade” foi escrita por três mãos. Duas dessas mãos são de personagens – as minhas e as de Inês Hoffmann[1] –, porém de personagens reais, vivas, protagonistas. A terceira mão é a do artesão da palavra – do redator final da crônica –, alguém que é capaz de reinventar o cotidiano e registrá-lo segundo essa reinvenção, que, pelo fato de narrar em primeira pessoa e se incluir no evento narrado, também é personagem. No fim, nós três somos personagens!

De modo similar, tanto o conjunto de crônicas que compõem a obra “Idílio” quanto a crônica homônima que a intitula foram escritas por várias mãos. Mãos de pessoas que se respeitam e explicitam o bem-querer que sentem umas pelas outras!

[1] Inês Hoffmann: poeta e filha de Nelson Hoffmann.

(Crônica publicada no jornal O Nheçuano, Roque Gonzales, RS, jul./ ago. 2021, p. 3)


domingo, 13 de junho de 2021

Como é que se escreve?

“Meio-dia e meio” ou “meio-dia e meia”? A grafia correta é “meio dia e meia”, pois se trata da metade de um dia (meio dia) e a metade de uma hora (meia hora). A mesma lógica vale para “meia-noite” mais “meia hora”: “meia-noite e meia”.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Sujeito composto

 Roberto de Queiroz

Um garoto de colégio, questionado sobre o assunto, deu uma resposta inusitada. Eis o comando da questão e sua consequente resposta:

“Explique, com suas palavras, o que é sujeito composto.”

“João tem um posto. João é um sujeito composto.”

Se houvesse um texto para o estudante se basilar, talvez valesse a pena elaborar tal proposição. Mas elaborá-la assim, do nada, parece-me perda de tempo. Com a devida vênia, quem merece nota zero é o professor que a elaborou. Pois, se analisado o comando (“Explique, com suas palavras, o que é sujeito composto”), a resposta do estudante está correta, uma vez que ele fez exatamente o que se pede ali. Quer dizer, o estudante não foi orientado a responder à questão em conformidade com o que reza a tradição gramatical, e sim de acordo com as próprias palavras. Foi exatamente isso o que ele fez.

domingo, 29 de novembro de 2020

Denotação e conotação

A língua portuguesa permite que seu falante se expresse sendo literal e usando as palavras em seus sentidos comuns, ou sendo criativo e expandindo o horizonte de significado das palavras. O importante para a língua é que a mensagem criada seja entendida por seus receptores. Esse processo de comunicação pode utilizar a denotação, o sentido literal das palavras, ou a conotação, o sentido figurado.

Denotação

Palavras ou textos que estão empregados em seus significados habituais, normalmente os encontrados nos dicionários. Esse tipo de significado é chamado de denotativo. Normalmente, a linguagem denotativa é usada para informar de forma objetiva, direta e clara. Exemplos de lugares onde podemos encontrar a linguagem empregada denotativamente são os textos científicos, jornalísticos e instrutivos. Vale ressaltar que uma palavra pode ter mais de um significado sem que nenhum deles fuja do sentido literal. Veja exemplos abaixo:

  • Eu odeio suco de laranja. (Fruta)
  • Minha camisa é laranja. (Cor)

Conotação

A linguagem conotativa é utilizada quando o significado de uma palavra, frase ou texto é empregado de forma figurada, circunstancial, ou seja, não carrega, naquele contexto, o seu sentido comum. Os significados conotativos de uma palavra não são encontrados em um dicionário, isso porque dependem de interpretação, que pode diferir conforme o receptor da mensagem. Esse tipo de linguagem normalmente é empregado em textos mais criativos, poéticos e emocionais, pois o principal objetivo de seu uso é provocar sentimentos e sensações.

A linguagem conotativa é muito mais recorrente do que parece. Em nosso dia a dia, usamos, ouvimos ou vemos palavras, frases ou até mesmo imagens com sentido figurado. Seja em anúncios, expressões ou ditados populares, poesias, literatura e músicas, a conotação está sempre presente. Confira alguns exemplos:

  • Ele é o laranja da empresa. (Indivíduo envolvido em transações ilícitas)
  • Seu sucesso é enorme, já pode ser considerada uma estrela. (Pessoa que se destaca tanto quanto uma estrela na escuridão do céu)
  • Não vou com vocês nem que a vaca tussa. (Expressão que reforça uma negação)

Disponível em: <https://www.gramatica.net.br/denotacao-e-conotacao>. Acesso em: 16 abr. 2020.